Kuarup Mawutzinin: fevereiro 2013

sábado, 23 de fevereiro de 2013

QUARUP 0033

Fotografia e arte: Kuarup Mawutzinin

Abstrato

Estrato

Retalhos de mangue

Que flutuam

Abstratos

Camadas

Abstratas

Condensadas

Vivas

Vida que se inicia

Inércia

Retrato

Que se contrai

Se dilui

Nos tons

Da palheta

Do pintor

Da natureza...

Natureza...

Esconde

Onde?

Encantos

Manto

Encobre

Cobre

Que

Se funde

No olhar

Apenas

Levo meu olhar

Para caminhar

No mangue

Seu olhar

Quero levar

Comigo...

Vem

Este companheiro

Inseparável!

Vamos!

Descubra!

A vida no mangue...

Apenas

Precisa

De um olhar...

Kuarup Mawutzinin
Amazônia, 23/02/2013

NARRAÇÃO DO PRIMEIRO ENCONTRO COM OS ÍNDIOS - OS KALAPALO

6 de outubro de 1946, domingo. Mal iniciamos o serviço, fomos surpreendidos por gritos vindos da ponta superior da barreira. Percebemos logo que eram gritos de índios. Reunimos os homens que estavam esparramados pelo cerrado e tocamos para lá. Chegamos a tempo de ver um grupo de índios se dirigindo rapidamente para a mata próxima. Um, porem, permaneceu parado. Fomos direto a ele. Era um rapaz dos seus dezessete anos. Estava bastante agitado e falando muito, numa linguagem que não podíamos entender, a não ser a palavra “Kalapalo”, que repetia seguidamente. Aproximamo-nos mais dele, até por a mão nos seus ombros, e dissemos algumas palavras, intercalando “karib” e “kalapalo”, dando a entender que éramos amigos. O pobre rapaz, visivelmente perturbado, apontava para o poente e dizia: “Kalapalos cuiabá”. Com muito trabalho, conseguimos fazê-lo entender que queríamos que fosse buscar ou chamar o resto do grupo que havíamos visto. Ele saiu rapidamente para voltar dali a alguns instantes acompanhado de três homens e uma mulher. A Primeira coisa que procuramos saber foram seus nomes. O mais velho chamava-se Iuaikuma. A única mulher, sua esposa, chamava-se Quevezo. Os três restantes, moços ainda, eram Waurica, Kavuquiri e Tartaruga. 7 de outubro de 1946. Às nove horas mais ou menos começaram a chegar, em grupos de cinco a dez, os Kalapalo. Trouxeram eles reserva alimentar e suas redes. Os primeiros a chegar avisaram da vinda do chefe Izarari com o grosso da tribo. As onze hoas chegou o “anunciado”. Calculamos em mais de 150 os índios que aqui já se encontram. É grande a quantidade de crianças. Os índios apresentam uma constituição física invejável. As mulheres, quando solteiras, têm o corpo esbelto e bem-feito. Tanto os homens quanto as mulheres andam completamente nus e se pintam de preferência de vermelho com óleo de piqui e urucum, a essa mistura dão o nome de “móngui”.

CÂNTICO DO KUARUP

Mavutsinim aquecia a terra sagrado do povo kamayurá

E os guerreiros kamayurá

Banhavam-se no rio tatuary

Despertando a fúria da própria natureza

Acordando os guerreiros sagrados para o ritual

Dos troncos que viram gente

Ao som do jacuí percorrendo os terreiros dos casarões

O pajé anuncia a chegada da grande profecia

Dos troncos que viram gente

No centro da aldeia sagrada o pajé começa a celebração

Cocás, cintos, pinturas e as penas

Enfeitam um grande tronco celebrando o ritual

E o kuarup é a vida presente aos kamayurá

O choro das mulheres relatavam um grande sofrimento

Recordando os momentos de glória dos seus ancestrais

É a vida celebrando a vida pros kamayurás (bis)

Kuarup Mawutzinin

sábado, 23 de fevereiro de 2013

QUARUP 0033

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